terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“Existem muitas pessoas que, embora estejam recebendo ilimitadas bençãos, não conhecem Deus.” Nidai-Sama

Parece regra, quando se escreve algo sobre ateísmo, desenvolver o raciocínio do ponto de vista religioso, mas eu pretendo discorrer sobre esse tema sem tocar em Religião, colocando-me a mim próprio na posição do ateu.

Quando uma criança nasce, o seio materno lhe fornece o leite para sua nutrição. A criança cresce normalmente, e o pais ministram-lhe alimentação adequada à primeira dentição. Assim, ela vai vencendo várias fases de seu desenvolvimento, até atingir a adolescência. A alimentação, portanto, é a base do crescimento. O homem se nutre suficientemente de calorias ao ingerir alimentos com prazer, graças ao paladar. Creio ser esse o maior de todos os prazeres humanos.

O físico e também a inteligência vão se desenvolvendo gradualmente através da instrução e, na mocidade, o ser humano está apto a exercer as funções normais de um adulto. Surgem-lhe, então, diversas ambições, como a ânsia de poder, o espírito de competição e de progresso e, no plano físico, em forma de diversões, folguedos e namoros. Dessa maneira, o homem está pronto para participar da vida social, característica de um ser superior, com sofrimentos e alegrias que nascem da razão e do sofrimento.

Consideremos, agora, a Natureza.

No Universo, não só os fenômenos visíveis, como o sol, a lua, as estrelas, a via-láctea, a temperatura, o vento, a chuva, os animais, os vegetais e os minerais, que estão diretamente relacionados com o ser humano, mas também os fenômenos invisíveis, tudo o que está sob a ação e controle do poder da Natureza. Esta é a própria figura do mundo. Observando-a calmamente e sem idéias preconcebidas, qualquer pessoa, a menos que seja insensível, fica embevecida com seu encanto misterioso.

A Natureza é dotada de mistério profundo e insondável. Grandioso é o Céu que contemplamos e ilimitada é a sua extensão. Como se apresenta o centro da Terra? Qual o número certo de estrela, o peso exato do globo terrestre, a quantidade das águas marítimas?  Se começarmos a enumerar coisas e fatos, não acabaremos nunca. A especulação nos deixa abismados com o movimento metódico dos astros, a formação da noite e do dia, o fenômeno das estações, o sentido esotérico dos 365 dias do ano, a evolução de todas as coisas, o progresso ilimitado da civilização, etc. Quando surgiu este mundo? Qual a sua extensão? Ele é finito ou infinito? Qual o limite da população mundial? E o futuro da Terra?

Tudo permanece envolvido em mistério. Tudo caminha silenciosamente, sem a mínima falha ou atraso, obedecendo a uma ordem determinada.

Ainda nos deparamos com os seguintes problemas: Por que viemos a este mundo e que papel devemos desempenhar? Até quando poderemos viver? Voltaremos ao Nada, após a morte, ou existe o desconhecido Mundo Espiritual onde iremos habitar em paz? As reflexões sobre o assunto nos deixam ainda mais confusos, permanecendo tudo na obscuridade. Não há outro qualificativo a não ser o que dizem os bonzos: “A Realidade é um Nada, e o Nada é uma Realidade.”

Vasta, ilimitada e infinita é a existência do mundo. O  ser humano, com a pretensão de desvendar este mundo misterioso, vem empregando todos os meios, principalmente a pesquisa; apesar de seus esforços, só consegue conhecer uma pequena parcela dos fenômenos infinitos. Daí atinarmos com a insignificância da inteligência humana em relação à Natureza. Sábio é o homem que, antes de mais nada, procura conhecer a si mesmo, submete-se a ela e participa das suas graças. (…)

Alicerce do Paraíso, “A respeito do ateísmo” (06/01/1954)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

“Ainda que a pessoa busque a Verdade em milhares de livros, se ela não estiver centralizada na fé em Deus, acabará por se perder.” Nidai-Sama

kyoto 1Tenho observado que, quando as pessoas analisam a Religião, não compreendem o ponto mais importante: sua posição.

A Religião está acima de qualquer outro valor. A Filosofia, a Moral e a Ciência ocupam uma posição inferior. Entretanto, por ignorância dessa verdade, usam-se expressões como “Religião Filosófica” e outras parecidas, baseadas na interpretação filosófica da Religião, o que é absolutamente errado. Explicar a Religião sob o ponto de vista da Filosofia, é tentar explicar algo que não possui forma através de algo que a possui. A Religião foi criada por Deus, e a Filosofia, pelos homens. A Moral também difere da Religião. Tal como a Filosofia, ela foi criada pelo homem, mas há uma diferença entre ambas: a Filosofia é de caráter ocidental e científico, ao passo que a Moral é de caráter oriental e psicológico. Comparada com a Filosofia e a Moral, a Ciência é muito mais materialista, sendo patente a distância que há ente ela e a Religião. Por todas essas razões, podemos perceber como está errado o conceito que os intelectuais da atualidade têm sobre esta última.

Todavia, se analisarmos mais profundamente, veremos que a Filosofia é o conjunto das teorias criadas pelo homem até hoje, e por isso, quando comparamos com a Religião, a importância desta revela-se por si mesma. Se tentarmos descobrir, através da Filosofia, o ponto mais profundo de uma questão, encontramos barreira e nada conseguimos. Uma prova é que, quanto mais pesquisamos através dela, mais confusos ficamos. Uma dúvida puxa outra, e na maioria das vezes não recebemos resposta para as nossas perguntas. A consequência é nos cansarmos facilmente da vida, havendo pessoas que chegam ao extremo de pensar que a única solução para tal angústia é o suicídio. Esse é um fato que ninguém desconhece.

Quanto à Moral, não se pode negar que tem contribuído muito para o bem da sociedade. Entretanto, embora ela tenha surgido com o objetivo de melhorar a conduta do homem por meios de códigos , não conseguiu dominar-lhe totalmente o espírito, pois também surgiu do cérebro dos intelectuais. No Antigo Japão, talvez fosse possível aceitá-la, mas hoje em dia, tendo a Moral caráter oriental e estando tudo dominado pela cultura ocidental, ela já não consegue convencer as pessoas e, obviamente, tende a desaparecer.

A respeito da ciência materialista, que nós sempre criticamos, não há necessidade de maiores comentários. Atualmente, falar em cultura é o mesmo que falar em Ciência; interpreta-se progresso cultural como progresso científico. É duvidoso, porém, que o homem tenha se tornado mais feliz com o progresso da Ciência. Ao contrário, somos levados a pensar que a infelicidade cresceu proporcionalmente a ele. Ante a terrível ameaça de guerra nuclear que paira sobre a humanidade, não é preciso dizer mais nada. (…)

Alicerce do Paraíso, “Como encarar a Religião” ( 29/abril/1950)

“Enquanto vive neste mundo, o homem deve professar a fé em Deus e acumular virtudes ocultamente” Nidai-Sama

kyoto 2(…) No Plano Superior, a divindade mais alta e mais sagrada é Deus. Toda organização religiosa tem uma divindade padroeira e também um fundador. Exemplifiquemos com o xintoísmo: na seita “Taisha-Kyo”, o padroeiro é Ookuminushi no Mikoto; na seita“Ontake-Kyo”, é Kunitokotati no Mikoto; na seita “Tenri-Kyo”, é Tohashira no Kami. O budismo também serve como exemplo: na seita “Shinshu”, o padroeiro é Amida Nyorai; na seita “Zen-Shu”, é Daruma Daishi; na seita “Tendai” é Kanzeon Bossatsu; etc. Os fundadores de seitas, como Kobo, Shiran, Nitiren, Hônen e outros, situam-se na classe de líderes de cada comunidade. Assim, ao entrarem no Mundo Espiritual, os espíritos das pessoas que tinham religião durante a vida terrena ligam-se à organização a que elas pertenciam, e não se pode calcular o quanto são mais felizes que os espíritos dos descrentes. Estes, não tendo uma organização à qual filiar-se, ficam perdidos, extremamente confusos, vagando pelo Mundo Espiritual.

Desde épocas remotas fala-se sobre “espíritos errantes”, porque tais espíritos ficam perambulando pelo Plano Intermediário. Uma vez passando para o Mundo Espiritual, aqueles que não reconhecem a sua existência e não crêem na vida após a morte, não podem se fixar em nenhum lugar, ficando privados de inteligência e juízo durante certo tempo. Como exemplo, citarei um caso ocorrido há alguns anos.

Numa reunião de pessoas que pesquisavam fenômenos espirituais, o espírito de um homem muito famoso manifestou-se, através de um médium. Chamaram, então, a esposa do falecido, a qual, pela maneira como o espírito falava e agia. confirmou que realmente tratava-se do marido. Fizeram-lhe muitas perguntas, mas as respostas não eram corretas nem lúcidas apesar do seu nível de cultura no Mundo Material. Isso porque aqui neste mundo ele não acreditava na existência do Mundo Espiritual. Vemos, pois, que é necessário o homem crer na existência do Mundo Espiritual e, assim, preparar-se para a vida após a morte. (…)

Alicerce do Paraíso, “Constituição do Mundo Espiritual” (05/fevereiro/1947)

“Iluminado pela Luz de Deus, o homem pode viver sem dificuldades mesmo num mundo de eternas trevas”

hakone 1Como o objetivo da nossa Igreja é a construção do Paraíso Terrestre, cada um de nós deve primeiramente criar o Paraíso no seu próprio lar. Para isso, cada um deve tornar o seu espírito paradisíaco. Ter espírito paradisíaco significa não ter nenhum sofrimento. Assim, se a afobação é um sofrimento, sofrer porque as coisas não correm a contento também é uma situação infernal. Portanto, devemos no mínimo livrar-nos do sofrimento. Para isso, a melhor maneira é dirimi-lo através do sentimento de gratidão, ou seja, não criar o inferno dentro do coração. Devemos atentar para o fato de que as religiões até hoje consideraram o sofrimento como algo benéfico. Existem até aquelas que chegam a procurar o sofrimento. Mesmo o cristianismo, uma religião que se propagou a nível mundial, praticamente se desenvolveu por meio do sofrimento. Como os homens comuns têm esse fato gravado na mente, ainda que se tornem membros da nossa Igreja, não conseguem se desligar  dessa idéia.

Tudo que escrevi acima é porque o mundo se encontrava na Era da Noite, isto é, o mundo era infernal. Por esse motivo, ainda que a pessoa se tornasse um exemplar seguidor da fé, não conseguia escapar do sofrimento infernal. Agora, entretanto, como a Noite está se despedindo, e o mundo está se tornando Dia, a nossa Igreja é que dará a orientação quanto à construção do Paraíso Terrestre. Com esse objetivo, devemos nos esforçar para construir o Paraíso dentro dos nossos corações, para que o inferno não tenha oportunidade de aí se instalar.

Jornal Eiko – no 147, “Deus dirige o trabalho de expansão da Igreja” (12/março/1952)