"Deus escolheu Atami para aí estabelecer o protótipo do Paraíso na Terra, confiando a mim sua construção."
Registrarei aqui o quanto é grandiosa, profunda e sutil a nossa Igreja Messiânica Mundial. Quando os fiéis, ou quem quer que seja, lerem esse Ensinamento, creio que ficarão pasmados e boquiabertos.
Antes de mais nada, devemos saber que o Plano Divino é algo inimaginável pela mente humana. O mesmo se pode dizer em relação ao Paraíso Terrestre, que atualmente estamos construindo em Atami. Como os fiéis podem observar com freqüência, à medida que avança a construção, verifica-se a cada momento, a sua transformação. Principalmente no que se refere à configuração das colinas, à posição das árvores, ao terreno, e também à maravilhosa paisagem observada à distância, ao aspecto dos arredores, etc. Em matéria de muros de pedras, este deve ser o local mais rico do Japão. As pedras aqui empregadas têm surgido abundantemente num só lugar, e quanto mais se cava, mais aparecem. Não existe outro local de Atami onde haja tantas pedras. Todos ficam surpresos, pois realmente é um mistério.
Observando apenas tal fato, já se verifica que há milhares de anos Deus veio planejando e preparando este local. E, quando vemos a paisagem em volta deste Paraíso, observamos uma beleza harmônica na variedade das árvores, na configuração das montanhas, etc. Realmente, é um êxtase.
Também o fato de termos conseguido adquirir aqui, seguidamente, as áreas necessárias, não deixa de ser um mistério. Essa aquisição de terrenos foi se processando de forma ordenada, ampliando-se gradativamente. Mesmo em se tratando de oportunidade, quando eu sentia necessidade de determinado terreno, o seu proprietário vinha oferecê-lo a mim. Tudo ocorria de acordo com o meu desejo. Após a aquisição do terreno, cada vez que eu ia inspecionar o local, surgia em minha mente um novo projeto. Era uma tranqüilidade, pois nem precisava pensar muito sobre o assunto.
Mas o que vem a ser o grande Plano Divino, a que me referi no início e que deixa todas as pessoas pasmadas?
Atami possui a paisagem mais bela do Japão. Como sempre digo, é também um lugar dotado de todas as condições necessárias, como o clima, as águas termais, a facilidade de transportes e de locomoção, etc. Portanto, se analisarmos profundamente, chegaremos à conclusão de que, por ocasião da criação do mundo, Deus projetou este local baseado no Seu Plano Infinito. Certamente, o fato deve ter ocorrido há milhões de anos. Naquela ocasião, Deus estabeleceu o local onde, no futuro, com a denominação de Japão, seria criado, de forma paradisíaca, um jardim de escala mundial; para isso, preparou, com perfeição, todas as condições, como o clima, a beleza, o aspecto natural, etc., e esperou a chegada do tempo. Logicamente, trata-se de Atami, de Hakone e também do Monte Fuji. Acredito que Deus criou o ambiente ideal e de beleza máxima, visando, principalmente, Atami. Finalmente, com a chegada da época apropriada para a construção do Paraíso, pelo progresso da cultura material, Deus me fez nascer neste mundo e, após me fazer passar por vários caminhos na vida, conduziu-me para Atami, onde dei início à concretização do Seu propósito de construir o protótipo do Paraíso Terrestre.
Sempre que subo ao Monte Zuiun, apreciando a paisagem, penso o seguinte: "Na remota antiguidade, Deus deve ter estabelecido o plano para o futuro e projetado esta obra."
As ilhas de Hatsushima e Ooshima, os cinco cabos a ponta do promontório de Manazuru, as ondulações das montanhas do desfiladeiro Jukkoku, o mar, que, parecendo um espelho, nos dá a impressão de um lago, e principalmente a beleza das montanhas de Atami, não seria tudo isso fruto da enorme habilidade de Divina?
Nasci nesta época, para executar a obra de acordo com o Plano Divino. Aí está a razão lógica da manifestação dos inúmeros milagres que mencionei anteriormente. Meu trabalho, entretanto, não se limita unicamente à construção do protótipo do Paraíso Terrestre, mas abrange muitas outras atividades, fatos inauditos que foram programados por ocasião da criação do mundo.
A propósito, vou explanar aqui um fato importante. Talvez seja um auto-elogio, mas, quando transformo o papel por mim caligrafado em Luz Divina, manifesta-se uma força maravilhosa, capaz de curar doenças. Como é do conhecimento de todos, consigo caligrafar, por hora, quinhentas folhas; isto significa uma folha a cada sete segundos. Por meio desta obra, feita de papel e tinta, em apenas sete segundos, é possível salvar milhares de pessoas. A grandiosidade do Poder Divino é, portanto, algo imensurável. Não significa que eu me ache poderoso, mas a verdade é que esse trabalho é possível graças ao maravilhoso poder que Deus me concedeu.
Jornal Eiko no 109, "O Plano Divino" – 20/06/1951
"A beleza natural e a beleza criada pelo homem estão expressas em perfeita harmonia no Paraíso Celestial."
Os fiéis sabem perfeitamente qual é a atividade em que estou agora me empenhando de corpo e alma. Ultimamente, entre as pessoas cultas, aumentou bastante o número daquelas que passaram a compreender o meu trabalho, o que é animador. Mas, como ainda existem pessoas equivocadas, parte do que eu vou escrever será pensando nelas. Essas pessoas, sem dúvida, desconhecem a verdadeira natureza de nossa Igreja, e por isso vacilam com os comentários do povo e a demagogia dos veículos de comunicação. Entre elas há ateístas convictos, que não gostam de Religião desde que nasceram; aliás, até parece mentira, mas também existem pessoas que, não sei por gostarem do Mal, ficam irritadas porque a Religião incentiva o Bem. Entretanto, a não ser os comunistas, não deve existir um só japonês contrário ao melhoramento do Japão, sua terra natal.
Deixando de lado assuntos religiosos como Deus e fé, o presente artigo está centralizado num assunto que até mesmo uma pessoa comum consegue compreender. Trata-se do protótipo do Paraíso Terrestre, que está em plena construção em Hakone e Atami. O protótipo de Hakone é de escala menor, por isso eu me aterei apenas ao protótipo de Atami. Meu plano, inicialmente, é construir uma grandiosa Obra de Arte, única no mundo, onde a beleza natural se harmoniza com a beleza artificial.
Olhando mundialmente, tenho a opinião definida de que o país mais rico em paisagens é o Japão. É verdade que ainda não fui ao estrangeiro, mas, analisando a questão sob diversos pontos, chego a essa conclusão. Como sempre digo, o Japão é o parque do mundo, e desde o início foi construído por Deus com esse objetivo. Por felicidade nasci neste país, e residir nele atualmente, sem dúvida é conveniente em todos os aspectos. Pesquisando, no Japão, locais que preenchessem os requisitos, concluí, sem sombra de dúvida, que esses locais eram Hakone e Atami. Nestas cidades, encontrei misteriosamente o terreno e a casa para morar exatamente como eu queria e os adquiri com facilidade. Depois, assim que a guerra terminou, tudo transcorreu harmoniosamente. Tanto em Hakone como em Atami foram adquiridos, seguidamente, os terrenos necessários; ambos medem mais de 60 mil metros quadrados, podendo-se dizer que, no tocante à extensão, é o bastante. Os terrenos de Hakone têm colinas íngremes, e as rochas estão empilhadas uma em cima da outra, o que não é adequado para um plano de grande porte. Nesse ponto, as colinas de Atami não são altas, e há bastante espaço plano, sendo possível faze um planejamento em grande escala. É por esse motivo que Atami está em plena construção neste momento.
Atami reúne todas as condições, e, antes de mais nada, uma paisagem maravilhosa. Provavelmente, não existe um local desse porte em nenhum lugar no Japão, por mais que se procure, e essa é a opinião de todas as pessoas que o visitam. Além disso, é um local de trânsito bom e, como todos sabem, encontra-se praticamente no limite da região Kanto com a região Kansai, sendo de fácil acesso tanto para o leste como para o oeste. E tem outras peculiaridades: no inverno, o clima é ameno; é rico em águas termais; o verde cobre as montanhas ao redor; o mar da baía de Sagami é como se fosse um espelho; do lado direito, bem ao longe, a beleza das curvas desenhadas por cinco cabos; do lado esquerdo, também são interessantes as vinte e três ilhas pequenas que ficam na parte extrema do Cabo de Manazuru; quando há sol, vê-se no horizonte a linha da Península Miura, que flutua como num sonho; no fundo das névoas, a linha comprida que parece estar dormindo é a Península Bôsso, e as linhas curvas e estranhas, cheias de dentes, do famoso Monte Nokoguiri chamam a atenção. Bem em frente á miniatura de uma paisagem da, está a Ilha Hatsushima e, à sua direita, a Ilha Ooshima, com suas linhas leves, que não fazem notar o famoso vulcão.
O lugar que engloba numa só visão essa vista encantadora é a plataforma panorâmica localizada no centro do Zuiun-Kyo (Terra Celestial). Pela sua posição, pela altura das montanhas, é o local mais adequado para se apreciar todo o panorama: quando colocamos os pés nesse local, nos sentimos como se estivéssemos no Paraíso, e com isso qualquer pessoa concorda plenamente. De fato, é o Solo Sagrado que Deus preparou quando construiu o Céu e a Terra. Se não for uma grandiosa Obra de Arte feita por Deus, o que será?Além do mais, da estação até lá leva-se quinze minutos a pé e cinco minutos de carro; a estrada é uma subida branda, e por isso facilmente transitável. Adquiri esse terreno em 1946; portanto, está fazendo cinco anos. Até hoje, todos os dias, ali estão trabalhando de corpo e alma, de acordo com meu projeto, cinquenta a cem pessoas. No decorrer desse ano, pretendo terminar a topografia. Serão plantadas, principalmente, 20 espécies de azaléias, somando um total de dois mil pés; mil cerejeiras; quinhentas ameixeiras. Também quero plantar o maior número possível de outras árvores que dão flores, de modo que sempre haja flores no local. Pode-se dizer, antes de qualquer outra coisa, que é o Paraíso ideal.
Finalmente, a partir da primavera do ano que vem, passaremos para a fase de construção. Inicialmente, no terreno de 4.303 m2, construirei o Prédio Messiânico, de um andar, que ocupará uma área de 2.648 m2. Certamente será de ferro e concreto, e o estilo será baseado no estilo do francês Le Corbusier, que, atualmente, está predominando no mundo da arquitetura. Calcado sobre ele, meu projeto será um estilo novo, um estilo inédito.; depois de pronto, provavelmente chamará atenção do mundo, tornando-se uma arquitetura religiosa mundial. Realmente, o estilo de Le Corbusier corresponde perfeitamente à sensibilidade da época, mas falta-lhe um ar de altivez. Ele é bom e prático para repartições públicas, apartamentos, residências, etc.; no entanto, sinto que não é muito adequado para construções de cunho religioso. Por outro lado, não quero fazer uma construção clássica como as deixadas pelos antigos, por isso precisa ser algo que expresse bem a sensibilidade da época. Ao mesmo tempo, pretendo apresentar uma originalidade que combine com a ornamentação interior e demais aspectos.
Em seguida, construirei o Museu de Belas-Artes, que será de três andares e terá mais ou menos 331 m2. Seu estilo é que é um problema. Isso porque o Museu também será no estilo Le Corbusier, mas quero que seja algo mundial, que mostre bem o colorido de um Museu de Belas-Artes. Quanto às obras que serão expostas, tanto no que ser refere à quantidade como à qualidade, estou objetivando o nível mais alto, em termos mundiais. Isso porque os Estados Unidos, a Inglaterra e a França também possuem esplêndidos museus históricos e de Belas-Artes, mas os objetos expostos são, na sua maioria, obras ocidentais. Em nosso Museu, darei prioridade a obras de arte oriental. Segundo opinião dos próprios apreciadores de Belas-Artes europeus e americanos, em termos de obra de arte, sem dúvida alguma, o Oriente é superior ao Ocidente. Isso se evidencia ao observarmos que, ultimamente, os Estados Unidos e a Europa também estão se esforçando em colecionar obras de arte orientais.
Há mais de dez anos eles voltaram os olhos para o Oriente, e o que conseguiram obter, sem se importar com a quantia despendida, hoje está fazendo prosperar o Museu Nacional de Belas Artes. No entanto, nesse curto período de dez anos, ele não atingiu a perfeição, o que está sendo motivo de preocupação para os especialistas da América. No Japão, felizmente, estão conservadas, em estado satisfatório, há mais de mil anos, obras da China, da Coréia e do próprio Japão, as quais, apesar de espalhadas, possuem algo que chama a atenção. No momento, a maioria permanece guardada, sem vida, o que é lamentável. De qualquer modo, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, até hoje o Japão valorizou essas obras, por não ter meios para torná-las de utilidade mundial. Além disso, atualmente, quase não existem mais no país obras de arte da China e da Coréia. Isto porque o Japão sofreu com os vários incêndios causados pela guerra, e quase todas essas obras foram destruídas pelo fogo. Algumas foram descobertas em escavações e adquiridas pelos americanos e europeus, estando expostas em museus históricos e de Belas-Artes.
Há mais de mil anos o Japão importou pinturas e porcelanas famosas da China e da Coréia, sendo que, na Era Suiko-chô, mais de mil e trezentos anos atrás, aprendeu com a China a técnica da arte budista e criou a arte budista peculiar japonesa. Posteriormente, desenvolveu todos os tipos de obras de arte. Paralelamente ao aparecimento de célebres mestres, surgiram numerosas obras famosas no decorrer dos períodos Tempyo, Fujiwara, Lamakura, Momoyama, Tokugawa, Meiji, Taisho, até os dias de hoje. É realmente grande o número de excelentes obras de arte orientais armazenadas nesse longo período. Além disso, desde épocas antigas, a começar pelo Palácio Imperial, os generais, os senhores feudais e, atualmente, os grupos financeiros, apreciam e valorizam tais obras, esforçando-se pela sua conservação. Mesmo hoje, essas obras raras são admiradas em todos os locais do país. Aquilo que sempre digo, "o Japão é o Museu de Arte do Mundo", é uma frase bem adequada.
Por esse motivo, no Museu de Belas-Artes que eu pretendo construir, reunirei o melhor da arte oriental e, ao mesmo tempo em que satisfarei a sede dos apreciadores de cada país do mundo, mostrarei a superioridade cultural do povo japonês. Além de limpar-lhe a má fama de povo belicoso, creio que esse museu terá um grande efeito; inclusive, um meio a ser utilizado pela política nacional, posso dizer, com orgulho, que ele tem força para atrair visitantes estrangeiros. E existe outro ponto importante. Os artistas japoneses estão mostrando intenso desejo de ter como referência as obras-primas da arte erudita. Pode-se dizer, no entanto, que quase não existem estabelecimentos que satisfaçam esse seu desejo. Há museus históricos em apenas três cidades, e museus de Arte particulares em poucos lugares. Os museus históricos têm principalmente obras históricas e arqueológicas, sendo carentes de obras artísticas. No caso dos museus de Arte particulares, é como se fosse uma espécie de proteção ao patrimônio, pois somente duas vezes por ano, na primavera e no outono, eles são abertos, durante um curto período, a um grupo especial de pessoas. Como não existem museus de Arte com uma organização maleável, que permita às pessoas apreciarem seu acervo quando elas quiserem, ao ficar pronto, o nosso Museu de Belas-Artes, creio que não preciso dizer o quanto ele será útil para a elevação da cultura japonesa.
Através de tudo que foi escrito acima sobre as inúmeras obras de arte famosas e raras existentes atualmente, no Japão, guardadas no fundo de armazéns de grupos financeiros e de classes especiais, e também sobre a existência de inúmeros artistas e apreciadores apaixonados por essas obras, podemos compreender que, futuramente, será necessário um órgão que estabeleça uma ligação entre as obras e os artistas e apreciadores. Nesse sentido, o melhor meio é obter a compreensão dos possuidores de obras de arte. Também é de extrema necessidade um museu com instalações completas, onde as obras possam ser expostas com tranqüilidade.
Eu me estendi muito, mas, como pretendo realizar sozinho essa obra tão grandiosa, realmente não é fácil. Provavelmente é algo que ninguém jamais experimentou realizar, desde o início da História. Normalmente, mesmo que não me fosse possível receber ajuda do governo, não haveria nenhum problema em receber ajuda do município e de entidades privadas. Mas eu não quero isso, porque, recebendo esse tipo de ajuda, não poderei agir com firmeza, do jeito que penso. Além do mais, por se tratar de um empreendimento que não visa a obtenção de lucros e por ser um planejamento novo de grande porte, sem exemplo igual, quero demonstrar toda a minha originalidade, tal como os artistas fazem com as suas obras.
A propósito da grandiosa obra que estou realizando, parece que alguns jornalistas falam isso e aquilo de nossa Igreja sem ter conhecimento da sua verdadeira natureza, por isso eu gostaria que eles refletissem bastante. Creio que, dessa forma, eles poderão compreender que eu venho me esforçando em silêncio, pensando no bem da cultura mundial e no futuro do Japão. E estou feliz por ter conseguido, através da ajuda Divina, levar a obra adiante, até hoje, com sucesso. Mesmo que eu não a realizasse, alguém teria de realizá-la, porque se trata de uma obra de importância nacional, ou melhor, mundial. Quanto mais rápido ela se concretizar, mais rapidamente contribuirá para a elevação da cultura. Sendo assim, quero que as pessoas que ainda desconhecem o meu projeto e aquelas que se interessam por ele, antes de mais nada, vejam a realidade "in loco". Nesse caso, mostrarei de bom grado o que estamos realizando, e não medirei esforços para dar-lhes explicações satisfatórias.
Jornal Eiko no 131 e 132 – "Não atrapalhe o meu trabalho" 21/11/51 e 28/11/51
"No Jardim do Paraíso, purificam-se as almas das pessoas maculadas pelas impurezas deste mundo."
Diariamente, através do rádio e dos jornais, tomamos conhecimento de que a sociedade está repleta de males. Numa visão a grosso modo, e excluindo a guerra, podemos enumerar a corrupção dos funcionários públicos, assassinatos, roubos, fraudes, suicídios, tuberculose e outras doenças contagiosas, falta de alimentos, crises habitacionais, dificuldades financeiras, opressão de impostos, etc. As coisas boas são tão poucas quanto as estrelas do amanhecer... Então surge a dúvida: por que a sociedade chegou a esse ponto?
Realmente, pode ser que existam muitas causas, mas, em poucas palavras, diríamos que a situação é decorrente da decadência moral e também da acentuada decadência do nível do homem. É por isso que, ultimamente, os entendidos no assunto e os educadores começaram a interessar-se por essa questão. Outra causa que pode ser levantada é que, após a Segunda Grande Guerra, o pensamento liberal passou dos limites. Parece que se discute a reforma e o incremento da Educação, da Moral e da Educação Cívica por não haver outra alternativa. Mas é interessante observar que, em tais ocasiões, o Japão nunca recorre à Religião, o que talvez possa ser explicado. As religiões antigas são fracas demais, e as novas, em sua maioria, são supersticiosas e falsas. É por isso que, como todos vêem, ainda não se conseguiu achar um caminho que levasse à solução radical do problema. Eu, porém, elaborei um plano concreto, objetivando solucioná-lo de forma diferente.
Para começar, baseei-me nas diversões populares. Naturalmente, em qualquer época, a grande massa popular necessita de diversões. Na sociedade atual, entretanto, as que existem são de baixíssima categoria. De fato, teatro, cinema, esporte, xadrez, dominó, etc., são diversões aceitáveis, mas acho que se fazem necessárias recreações de nível ainda mais elevado. É com esse objetivo que a nossa Igreja está construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, nas terras de Hakone e Atami. Como já escrevi várias vezes, aí será construído o Paraíso Ideal, onde se acham perfeitamente harmonizadas a beleza natural e a beleza criada pelo homem. Um projeto grandioso como esse, não creio que já tenha sido elaborado por alguém. Encantada com a atmosfera tão diferente do mundo a que está acostumada, qualquer pessoa, nesses locais, esquece-se de tudo e até pensa estar em cima das nuvens. Visto que isso acontece antes mesmo de termos concluído metade da obra, todos ficam maravilhados.
O protótipo de Hakone já está próximo de sua conclusão, mas, como é uma obra de pequena escala, falarei a respeito do protótipo de Atami, em plena construção, atualmente.
No jardim de cem mil metros quadrados, com altos e baixos, estão sendo plantados arbustos e árvores que dão flores, como ameixeiras, cerejeiras, azaléias, etc., mescladas com árvores que estão sempre verdes. Também está em fase de preparação a construção de um jardim com as mais diversas variedades de flores. Pela sua beleza encantadora na primavera e pela paisagem da baía de Sagami, que se pode avistar ao longe, não seria exagero dizer que o protótipo de Atami é um enorme e ideal "Jardim do Éden".
Como localização, este protótipo do Paraíso Terrestre está situado no melhor local de Atami. Além do mais, para acrescentarmos maior beleza ao lugar, construiremos um magnífico Museu de Belas-Artes, cuja conclusão fará o protótipo do Paraíso Terrestre de Atami tornar-se alvo da admiração não só de japoneses como de estrangeiros. Por conseguinte, qualquer pessoa que visite esse local purificará seu espírito maculado pelas condições do mundo, e sua alma, completamente árida, será regada na própria fonte. Assim revigorada, seu trabalho renderá mais e, naturalmente, seu caráter também se elevará. Por isso, a contribuição do protótipo do Paraíso Terrestre para o espírito das pessoas será inestimável.
Alicerce do Paraíso, "A respeito do Paraíso Terrestre" – 01/01/1952
"Estou construindo o Protótipo do Paraíso para que as pessoas exaustas desse mundo nele possam descansar serenamente."
O Jardim Sagrado que estou hoje construindo há cinco anos, em Gora, na cidade de Hakone, só está cerca de oitenta por cento pronto. Mesmo assim, comparado aos famosos jardins, desde os tempos antigos, não deixa nada a desejar. Talvez soe como auto-elogio, mas há uma grande diferença de nível entre este jardim e os demais. É claro que existem muitos jardins maravilhosos, cada um com suas características; porém, seja ele qual for, não possui aspectos tão relevantes quanto o de Hakone.
A Terra Divina, como podemos ver, é totalmente diferente de outros locais. Possui tal abundância de pedras e rochas naturais, que chega a espantar. Estou dispondo-as conforme a Orientação Divina, não me submetendo às tradicionais formalidades relativas a jardins. Não me baseio em modelos; estou construindo este jardim num estilo totalmente novo. Até no que diz respeito às árvores, juntei várias espécies, combiando-as bem, para que possam estar em harmonia com as pedras e rochas. As cascatas e correntes d'água foram aproveitadas para expressarem, ao máximo, o sabor da natureza. Assim, somando a beleza das montanhas e das águas com a beleza dos jardins, tentei expressar o que há de melhor e mais elevado na arte natural. Meu objetivo é fazer aflorar, através dos olhos da pessoa que vê esse quadro, o sentimento do Belo latente nos seres humanos, elevar seu caráter e eliminar as impurezas de seu espírito. Por esse motivo, tanto as pedras como as árvores e plantas foram selecionadas e combinadas cuidadosamente, colocando-se amor em cada uma delas. É como se fôssemos pintar um quadro utilizando materiais "in natura". Gostaria, portanto, que o admirassem com esse espírito.
Construí o jardim de modo que, visto de perto ou de longe, parcialmente ou em conjunto, ou de qualquer ângulo, sobressaia cada uma de suas características. Além disso, com o passar dos meses e dos anos, vão nascendo vários musgos típicos de Hakone, plantinhas de nome desconhecido, minúsculas flores graciosas e brotos de árvores que crescem nas reentrâncias das pedras como "bonsai"(1), as quais, por si mesmas, parecem querer atrair a atenção das pessoas. No ano passado, o jardim todo ficou mais "maduro", assumindo um aspecto mais tranqüilo; melhorou tanto, que nem o reconhecíamos. Eu mesmo cheguei a percorrê-lo diversas vezes, sem ter coragem de afastar-me.
Após a chuva, quando a água é abundante, temos a impressão de estar vendo, de lugar bem alto, uma correnteza no meio da mata. O som da água escorrendo pelas pedras, a corrente quebrando-se, lançando gotas para todos os lados, mais adiante descrevendo graciosas curvas e terminando em duas cascatas... Visão panorâmica deslumbrante! A cascata do lado direito chamada "Ryuzu no taki" (Cachoeira Cabeça de Dragão), é maravilhosa, e a do lado esquerdo divide-se em vários fios d'água, para mais abaixo quebrar-se e espirrar para todos os lados. Vejo de relance até uma andorinha voando rápido, bem rente às cascatas. Realmente, a harmonia da beleza natural com a beleza artificial está expressa muito melhor do que eu esperava. Fico satisfeitíssimo. Ao contemplar essas cascatas, sinto-me como se estivesse nas profundezas de montanhas e vales ou diante de um quadro magnífico. Geralmente, as cascatas artificiais têm certo sabor mundano que as prejudica, mas isso não acontece com as deste jardim, plenamente identificadas com as cascatas naturais. O vermelho e o amarelo dos bordos, que nelas se refletem esplendorosamente, as cores de cada árvore e a forma tridimensional de plantio fazem com que eu me sinta no meio de densas matas.
Mas deixemos aqui as explanações a respeito do que já foi concluído. Também no terreno baldio, bem espaçoso e próximo à parte posterior do jardim, estou pensando em construir outro jardim muito diferente, e já dei início à sua construção. Também para este tenho um plano bem diferente, inaudito; quando estiver terminado, talvez cause assombro a todas as pessoas.
Vim escrevendo à proporção que as idéias me afloravam à mente, e talvez me achem orgulhoso demais por estar elogiando o que eu mesmo fiz. Sem dúvida, na opinião das pessoas comuns, isto está errado. Mas este jardim da Terra Divina foi construído pela técnica, ou melhor, pela Arte Divina, não seria nada de mais elogiá-lo. É o mesmo que louvar a Deus; por conseguinte, um ato muito justo. Há algum tempo, o Sr.William W.Shudler, professor de Geografia de um colégio nos Estados Unidos, veio apreciá-lo e, com visão de um profissional, assim exprimiu sua admiração: "Já vi jardins do mundo inteiro, mas nenhum tão raro e artístico como este. Talvez possamos afirmar que ele seja único em todo o mundo".
A seguir, falarei sobre o Museu de Belas-Artes, que será construído por último.
A construção está planejada até o verão do ano que vem e, quando ela estiver concluída, o Jardim Sagrado da Terra Divina ficará ainda mais magnífico. Quanto às obras artísticas a serem expostas, já tenho algumas e andei pesquisando as que são avaliadas como Tesouro Nacional, existente em museus históricos e de Belas-Artes de várias regiões, em coleções particulares, em templos, etc., com os quais, pouco a pouco, estou fortalecendo meu relacionamento. Assim, tenho certeza de que o Museu de Belas-Artes de Hakone nada ficará devendo a outros no gênero. Minha intenção é expor poucas obras históricas e arqueológicas, tendo como critério meu senso estético, independente de ser arte oriental ou ocidental, antiga ou moderna. Pretendo selecionar somente as obras-primas de artistas famosos de cada época. Isso porque o significado do Museu de Belas-Artes deixará de ser alcançado se as pessoas, entendidas ou não em Arte, não se sentirem todas extasiadas com a beleza das obras expostas.
Naturalmente, este museu, a começar pela sua arquitetura, instalações internas, decoração e tudo o mais, será construído de acordo com a orientação de Deus; por isso, quando ele estiver concluído, apresentará resultados absolutamente especiais. Com a sua conclusão, praticamente estará terminada a construção do protótipo do Paraíso da Terra Divina. No momento em que isso se concretizar, a Obra Divina entrará em sua verdadeira fase de expansão. Mas não pararemos aí. A construção do protótipo do Paraíso de Atami também terá rápido progresso. Deus faz com que tudo se processe de acordo com a Ordem, esta é a Verdade.
- Bonsai: técnica de cultivo pela qual se fazem plantas em miniatura.
Alicerce do Paraíso, "A respeito do Jardim da Terra Divina" – 19/05/1951