terça-feira, 6 de março de 2012

“O destino das pessoas sem fé assemelha-se ao dos aguapés, que vivem flutuando sobre as águas.”

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que, com a expressão “crentes”, queremos nos referir aos que professam a nossa religião, e não a praticantes de outras religiões.

Sem retroceder ao passado, mas observando, de maneira objetiva, as pessoas que vivem no mundo atual, chegamos à conclusão de que a expressão “pobres ovelhas”, usada por Cristo, é bem adequada. Pensemos: quantas criaturas vivem mão de luzrealmente sem qualquer preocupação? Certamente nenhuma. Entre as preocupações que afligem o homem, a que se poderia colocar em primeiro plano é a doença. Ninguém sabe quando será acometido por alguma enfermidade. Pode ser que fiquemos gripados daqui a uma hora; pode ser, inclusive, que a gripe se agrave em pneumonia ou seja, o início de uma tuberculose. É possível que esta noite tenhamos uma crise de apendicite e acabemos nos contorcendo em dores agudas, ou que, de uma hora para outra, venhamos a contrair tifo ou alguma doença de origem desconhecida. Quem tem filhos, corre o risco em vê-los acometidos por epidemias, como difteria ou meningite, por exemplo, e em poucos dias ver as suas vidas ceifadas. As pessoas de idade, por sua vez, podem a qualquer momento viver a tragédia de um derrame cerebral que lhes paralise metade do corpo, prendendo-as ao leito durante anos a fio. É possível, também, que algum de nossos familiares contraia uma moléstia infecto-contagiosa e tenha de ficar internado em isolamento.

Mas as coisas não param aí. Da maneira como são altas as despesas médico-hospitalares, não se sabe quanto se gastará com tratamentos e internação. Se a doença for debelada em pouco tempo, ainda bem; todavia, se o tratamento for prolongado, as economias feitas com sacrifício, ao longo dos anos, serão totalmente consumidas. Pode mesmo acontecer que, embora recupere a saúde, a pessoa seja despedida do emprego e termine perambulando pelas ruas. Conseguindo ter a vida salva, ela ainda pode trabalhar e se reerguer, mas se, por um golpe de azar, ficar inválida ou acabar falecendo, que acontecerá? Tratando-se de um chefe de família, como irão sobreviver seus familiares? Ele próprio deixará inacabados seus empreendimentos ou seu trabalho. Ora, é realmente lamentável que um homem, no auge da vida, tenha de deixar este mundo; é insuportável ver cortados os laços de amor e afeto que o unem à esposa e aos filhos. E qual chefe de família poderá garantir que tal situação não se lhe apresente de um momento para outro? Quando pensamos em circunstâncias desse tipo, sentimos que o medo com relação às doenças pesa como chumbo, e continuamente, sobre todas as pessoas, sem exceção de ninguém.

Se a vida é tão terrível como dizemos, se não podemos nos livrar da intranquilidade, é como afirmou Sakyamuni: “Este mundo é um purgatório, um mundo de dor, e o homem não pode escapar destes quatro sofrimentos: nascimento, doença, velhice e morte; não há outro jeito a não ser se resignar e suportar essas condições. Isso é o que chamamos Iluminação”.

Diante de semelhante quadro, não haveria salvação maior que o aparecimento de uma religião capaz de libertar o homem, totalmente, a angústia da doença. Entretanto, quem ouvir falar pela primeira vez sobre o aparecimento de uma religião dessa natureza, dirá: “Como pode haver tamanha tolice neste mundo? A cabeça da pessoa que diz isso não deve estar funcionando bem”. Provavelmente essa pessoa seria considerada como estando a um passo da loucura. Mas creiam, apareceu uma religião com o poder que dissemos. Os leitores poderão duvidar uma vez, duas vezes ou até negar. Mas… se souberem que se trata de uma verdade, que farão? O rebuliço seria tal, que ultrapassaria os moldes de um grande acontecimento, provocando, sem a menor dúvida, a maior sensação no mundo inteiro. Quem tiver a sorte vai querer fazer uma pesquisa; por outro lado, haverá pessoas que vão rir diante dos nossos olhos, dizendo que isso não passa de superstição. Tais pessoas serão companheiras daquelas que se suicidam pulando na cascata Kegon ou no vulcão do Monte Miharassan; devo dizer que são pessoas realmente infelizes.

Talvez digam que eu estou me vangloriando demais, mas vou falar aqui, de maneira bem simples sobre a Fé Messiânica e a doença. As pessoas que tiverem compreendido a verdadeira natureza da fé através desta religião, ficarão completamente despreocupadas em relação às enfermidades. E não é só isso. Esclarecidas sobre a origem da doença, ao invés de temor, sentirão até alegria, cientes de que ela é uma ação fisiológica natural para aumentar a saúde; constituindo uma grande benção de Deus.

Além da doença, existem várias outras causas de infelicidade. Exemplifiquemos. Na vida moderna temos um estreito relacionamento com os meios de transporte, dos quais não podemos prescindir; inclusive, dependendo de suas atividades, muitas pessoas os ocupam a maior parte de sua vida. Como é do conhecimento de todos, não pode ser menosprezada a preocupação com acidentes e com os danos que deles decorrem.

Além disso, temos os acidentes provocados pelas máquinas, nas indústrias, os incêndios, os prejuízos causados por assaltantes e, mais raras, porém sérias, as inundações e os terremotos.

A vida moderna está, portanto, cercada de muitos perigos, como enfermidades ou desastres, os quais não sabemos quando irão nos atingir. Pensando nisso, não podemos sentir-nos tranquilos um instante sequer. Em face dessa situação, os orgãos governamentais e civis têm tomado medidas de defesa, tal como seguros de saúde, seguros contra acidentes e desemprego, sistema de poupança e instalações assistenciais. Entretanto, medidas de ordem material como essas não garantem a tranquilidade além de certo limite. Apenas um seguro abstrato, isto é, o seguro proporcionado por Deus, é que nos pode assegurar a tranquilidade absoluta. O homem moderno, no entanto, vive um dilema: vê que as medidas materiais não lhe proporcionam uma vida tranquila, mas dificilmente aceita o conceito de força abstrata ou seguro proporcionado por Deus. Sendo assim, ele não passa de uma pobre ovelha.

Para nós, que professamos a Fé Messiânica, é realmente insuportável ver a situação aflitiva e insegura dos descrentes, os quais vivem como ervas flutuantes, sem ter onde firmar-se. E como se nos dirigíssemos a uma pessoa que tenta controlar um pequeno barco em alto mar e a convidássemos para embarcar num transatlântico, mas essa pessoa só ficasse a fitar o seu próprio barco e não conseguisse notar a existência da embarcação  de grande porte. Assim, embora convidemos os descrentes a ingressarem em nossa Fé, eles não conseguem sair das trevas da negação.

Admitimos que seja difícil acreditar numa força de salvação tão grandiosa, pois trata-se de algo inédito na história da humanidade. Contudo, só pelo fato de ter surgido essa extraordinária salvação, as pessoas devem se conscientizar de que, sem a menor sombra de dúvida, está bem próximo o advento do Paraíso Terrestre, mundo absolutamente isento de doença, pobreza e conflito.

Jornal Hikari no 2, “Teísmo e ateísmo” (20/03/1949)

Nenhum comentário:

Postar um comentário